Blog mantido pelo professor Fábio Andrade para a disciplina de Introdução aos Estudos Literários do curso de Letras da UFRPE

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Medéia


O Pathos como amor terrível, que torna cego aquele que é tomado por ele, encarna-se na figura de Medéia. Abandonada por Jasão, que resolve então casar-se com a filha do rei Creonte, Medéia será tomada por uma espiral de loucura e desespero que a leva diretamente para sua moira (destino), fruto também de uma hybris (transgressão). O mito de Medéia, a quem Eurípedes deu a mais acabada e perfeita feição, remete-nos ao caráter incontornável da noção de destino que rege o universo trágico: há uma morte terrível no passado de Medéia. E, como todo herói trágico, ela sofrerá sob a mão dos deuses.

4 comentários:

  1. algoz ou vitima?
    Medéia mata o irmão.esquarteja-o e espalha seus despojos em vários pontos do reino para que seu pai,o rei Aietes(filho do sol)ficasse desorientado,o que lhe daria tempo para fugir com Jasão,a quem já havia ajudado(com seus poderes mágicos)a conquistar o velocino de ouro.Ela o havia ajudado porque estava perdidamente apaixonada(fora enfeitiçada por Hera,que simpatizava com Jasão)e ele lhe havia feito votos de fidelidade no templo de Hecate.Após alguns anos juntos,ele a repudia pela filha do rei Creonte(rapazinho ambicioso,não?).É aí que a peça começa,a ama nos passa toda a situação,Medéia,sua senhora está abatida com o abandono sofrido e a ama que a conhece muito bem,sabe que esse abatimento vai levar a uma tempestade.É aí que o pathos se instaura,tudo nela agora é vingança e ódio.Implacável,tece sua vingança de maneira terrível,mata Glauce,sua rival,seu pai Creonte e não poupa nem os próprios filhos,tudo no intuito de ver Jasão totalmente aniquilado,tanto em sua ascenção ao poder,quanto no orgulho paterno.Ela,inegavelmente,é terrível,mas tendo sido enfeitiçada por Hera no início,devemos julgá-la algoz ou vítima?personagenzinha difícil esta,não?Ela sofre a morte dos filhos(soa como um resgate por ter matado seu irmão)ao final da peça ela é contemplada com o artfício do "Deus ex machina"e sai de cena arrebatada pelo carro de seu avô,o deus Sol.

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  2. MÉDEIA
    A leitura desse clássico se deu de forma bastante curiosa.
    A medida em que embarcava no universo Grego e no drama da protagonista, uma série de imagens eram construídas na minha cabeça.
    A reflexão que esse texto desperta vai muitas vezes além da compreensão.
    Euripedes apresenta uma tragédia individual repleta de elementos universais. Médeia (personagem) é apresentada de forma tão intensa que você consegue sentir sua dor e ouvir seus lamentos.
    É importante antes da leitura , tentar situar o texto dentro das mudanças e o perfil do homem grego da época. Achei necessário entender onde certas ações eram justificadas e que tipo de valor estava em jogo no enredo. O drama de Médeia é bem cotidiano e sua dor representa de forma atemporal, o drama de milhares de mulheres. A leitura é extremamente fácil. As referencias ao uso da magia e os sentimentos femininos da mulher grega são o ponto alto. A infidelidade, a traição e o posterior desejo de vingança e justiça são elementos fortes e expressos de forma simples. Médeia cometeu inúmeros crimes, mas ainda sim é possivel de alguma fora entender seu sofrimento.

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  3. Impossível ler esse livro, ao menos para mim, e não julgar Medéia. Talvez na época em que foi escrito fosse mais fácil compreender toda a situação por causa da cultura que era encontrada na Grécia. Mas se trouxermos os fatos que ocorrem na história do livro para a atualidade, sei que chega a ser até um erro, o julgamento é inevitável, pois para mim não existiria explicação para a vingança já que ela também acaba destruindo sua vida. Mas entendendo como é estruturada a tragédia, Medéia já iria sofrer por causa de seu passado, de seu destino trágico, então ao menos ela "saciou" sua ira, sua raiva.

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  4. Achei sensacional! Interessante notar que em algumas passagens do texto as personagens deixavam mesmo evidente que aquele era o destino de Medéia e que não haveria 'escolha'. Também pude notar que em várias momentos ela se questiona muito sobre suas decisões. A impressão que temos é a de que ela, de fato, está atormentada e alterna momentos de lucidez e loucura. Curioso é perceber como os textos são bem elaborados: nos momentos que antecedem à morte dos filhos de Medéia a angústia era tamanha que nem dá pra comentar! O efeito de levar o espectador às lágrimas é facilmente alcançado nesta obra. É excelente!

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