Édipo Rei é a mais clássica de todas as tragédias. Além de ser apontado como o mais bem realizado poema trágico da antiguidade clássica por Aristóteles, atravessou os séculos como uma narrativa destinada a se converter num imenso veio de textos que dele partem, ou nele desembocam. Grande leitor que era, o psicanalista Sigmund Freud não hesitou em reconhecer no drama de Édipo, através do qual ele formulou o seu complexo de édipo, fase da maturação psíquica que seria comum a todos os homens.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
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Os vários pontos interessante em Édipo Rei que eu achei foram esses:
ResponderExcluir• Primeiro que o gênero é muito interessante, a questão do teatro, uma vez que dinâmica é bem diferente da prosa, fermenta bem o imaginário e principalmente as emoções, o leitor participa de todas as angústias, sobretudo, porque não é algo que alguém conta é algo que está acontecendo “na hora” e em Édipo cada dialogo trás uma tensão muito grande.
• Abordagem da cultura Grega, os deuses em evidência, e o poder deles, os oráculos, o povo em busca de oblação, de redenção.
• A postura do povo, que nos diálogos não tem voz, mas nos coros, para mim, além de ser uma retomada da cena, é uma amostra de como a população via a trama e seus sofrimentos em relação a ela, que se mistura com o de Édipo, e imaginando que eram partes cantadas, a música com certeza dava mais drama à história porque ela tem esse poder, deixando o espetáculo mais rico e chocante.
• Também é bem clara a questão do Édipo, melhor que todos os homens, quase um deus, mas ao desenrolar a trama ele vai se humanizando, os defeitos aparecem mais e essa áurea parece que vai sumindo e tomando uma atmosfera diferente, a força e a moral não é mais seu forte.
• E a cena trágica e clássica é a melhor quando Édipo fura os olhos, depois de muito fugir do seu destino, discordar das profecias e vai ao encontro dela. Para mim a história acaba nesse ponto.
A leitura de um clássico como Édipo Rei é uma experiência marcante.A obra ganha esse status de clássico justamente pelo caráter atemporal das questões por ela levantadas.Malgrado a época, o livro sempre tem algo a dizer.São reflexões tocadas por essa tragédia : o homem é mesmo senhor absoluto de seus passos?Seriamos apenas escravos das aparências?O que de fato somos corresponde com o que pensamos ser?
ResponderExcluirSófocles tece uma trama que ,apesar de conhecida, prende o expectador/leitor de maneira bastante eficaz.Ao final, vale levantar mais uma pergunta:os deuses PERMITEM ou QUEREM que aconteça tudo o que aconteceu com Édipo?São temas espinhosos, prá não citar incesto.
Ps.: Escrito por Jorge Henrique ( alguém pode me ensinar como botar meu nome lá em cima?)
Mesmo que eu não tenha gostado da história,achei muito interessante uma frase que Édipo falou quando estava procurando a tstemunha da morte de Laio.A frase diz mesmo assim:" Quem não tem medo de um ato menos medo tem de uma palavra".Perfeita! Essa frase é bastante realista e atemporal e,por isso, está presente no dia-a-dia das pessoas que tem coragem de arcar com a consequências de seus atos.Faz-me lembrar que toda ação promove uma reação.
ResponderExcluirMyllena Karina Miranda dos Santos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSobre Édipo Rei
ResponderExcluirEstilisticamente, Édipo Rei me surpreendeu. Isso porque , antes de lê-lo, tinha resistência às histórias contadas em narrativa teatral, por achar ( com as experiências que tive) que elas escondiam detalhes importantes para a visualizar e “experienciar” a cena.
A surpresa está em: Vi que, através do modo narrativo teatral, é possível ter riqueza em detalhes e ainda mais. As personagens fazem a cena, e ao fazê-la descrevem-na, com falas marcadas por lapsos temporais, rememorações que ajuda a trazer o passado ao enredo e interpretar a situação presente. Não exijo que toda obra que leio tenha esse ritmos e traços narrativos, mas devo que admitir que gosto de vê-los na execução do texto.
É interessante observar como os fatos que acontecem na obra estão ligados a questões quase que estritamente religiosas, ou míticas, e estas acabam por influenciar o comportamento social e a vida política. A população é incompetente para solucionar as adversidades, e recorre com freqüência (evidencia-se no coro, por exemplo) a rogar às divindades por uma melhora na situação. O próprio Édipo, apesar de possuir uma racionalidade superior, também é assim.
As complicações, também causadas por uma relação mítica, podem representar abstrações, próprias da religião, para representar situações reais. No confronto do lado mítico com Racional de Édipo é que surge a aflição da personagem. Ela tem fortes indícios de que a profecia de uma tragédia à qual estaria sentenciada teria fundos de verdade (a crença impulsiona o drama), faz uso da razão para atingir a profundidade dos fatos, mas não deixa de ser refém do destino. A leitura fica tensa, como o enredo.
A proximidade de um possível futuro trágico a faz a personagem revelar imitações facetas do comportamento humano. Medo e angústia em relação ao destino (isso provoca sua conduta desatinada) fazem de dela uma pessoa ávida por perseguir uma verdade que lhe é mais conveniente (quando mais racional) e que ao mesmo considera o oposto (a desgraça que não queria) uma possibilidade.
Por isso, penso que Édipo Rei é sobre o homem, “contado” com a singularidade literária. Utiliza-se da situação dramática para mostrá-lo em essência em uma história pensada e interpretada pelas personagens. Ajudou-me a entender um pouco mais sobre os elementos literários. Ótimo.
Bom,é sem duvida interessante a narrativa teatral,tem sua magia e o climax da história é muito bem elaborado e permite que o leitor possa se transportar para o momento exposto.Embora,não tenha gostado muito esperava um pouco mais...Não consegui a todo momento visualizar os personagens e imaginar as cenas,isso me deixou um pouco desestimulada...
ResponderExcluirParticularmente gosto da hora do Coro,é como se todos aqueles clamores colocassem o povo na historia mais efetivamente.O traço tipico da cultuta Grega, muito bem apresentado,relacionado a submissao aos Deuses,a aceitação da população a todos os castigos mandados peos Deuses é fascinante.Bem como o fato de Edipo não ser um Deus mas ser melhor do que todos os homens...
Em uma história fantástica, o livro Édipo Rei elucida a força do destino na vida do ser humano mesmo que ele tenha proteções ou gana de mudanças. Há sempre um inatingível inativo. Apesar dos fatos transcorridos serem previsíveis, existe uma tentativa de evasão do próprio Édipo, o que reforça a ocorrência do destino implacável, impiedoso e certeiro, onde o que está traçado sempre acontece. Édipo experimenta dos mais variados sentimentos que oscilam entre altos e baixos (o desprezo, a piedade, o medo, a ira, o divino, a glória, o amor, o poder, a maldição, a martírio e a dor, respectivamente) e vive através de consequências que vão abrindo veredas para o seu trágico desfecho. A sua noção sobre a maldição em sua vida, faz com que ele acabe se martirizando demasiadamente, deixando a fluência normal de seus caminhos turbulenta e dissipada.
ResponderExcluirBom, estava lendo Édipo Rei, mas sem fazer o diário. Comecei a fazê-lo hoje com os trechos selecionados, aí vai então:
ResponderExcluirEspero que ainda seja aceito. ;~~
Diferentemente da leitura anterior, tive um enorme prazer lendo a tragédia, não sei se foi por se tratar de uma experiência literária nova, ou se me envolvi, de fato, pelos efeitos textuais pleonasticamente envolventes de Sófocles.
Fazendo o diário agora, bem mais atrasado que os outros, confesso que tive lá minhas vantagens, visto que pude perceber muito mais alguns efeitos lidos e comentados da Poética aristotélica.
Na parte inicial do livro, no momento em que os tebanos desesperados tomam a frente do palácio piedosamente buscando uma possível solução do novo governante para as pragas que tomavam conta do local, vê-se um Édipo completamente comprometido e disposto a ajudar aquele povo, ao qual expressou suas piedades e, notavelmente, tomou várias medidas, a fim de que notassem suas práticas declaradas e, consequentemente, suas tentativas de auxílio aos necessitados. Entretanto Sófocles, até aí, em nenhum momento expressa um Édipo receoso que - em segundo algum - pensa no crime que cometeu antes de ser bastante favorecido pela resolução do enigma da esfinge. Foi neste momento que pude notar a superioridade do herói trágico e, em algumas frases do próprio Édipo a ironia trágica que, posteriormente, seria evidente ao leitor. Já quando Tirésias aparece pela primeira vez, nota-se por todas suas revelações implícitas, desde quem era o assassino às revelações dos laços familiares indevidos, um Édipo que, primeiramente, não entende (ou finge não entender!)as profecias que já se explicitam, contudo - por toda a grandiosidade do seu poder - prefere acreditar que é inveja, além de uma união pra destroná-lo ou desprestigiá-lo perante o coro.
Édipo, então, perde a paciência e descredibiliza Tirésias, colocando-o como um egoísta e despreocupado com seu povo, além de julgar seu posicionamento tão cruel quanto o de quem cometeu o crime, amaldiçoando-o. É aí que começa, de fato, o desenrolar da história, que em um único discurso Tirésias profetiza todo o destino do herói trágico, podendo-se notar que o que mais vale na leitura trágica não é o mito em si, e, sim, a estruturação, a diegese dele.
Passo, logo, a admirar todo o rebuscamento e dedicação autoral e a entende o porquê da insistente citação e exemplificação da obra de Sófocles em 'A poética'.
CORREÇÃO:''...podendo-se notar que o que mais vale na leitura trágica não é a diégese em si, e, sim, a estruturação, o mito dela.''
ResponderExcluirÉ COMPREENSIVEL O PORQUE A VERSÃO DA HISTÓRIA DEÉDIPO DE SÓFOCLES CHEGOU ATÉ NÓS,MESMO CONHECENDO A HISTÓRIA, HÁ MINÚCIAS E DETALHES QUE AJUDAM A CONSTRUIR O ENREDO QUE VÃO POUCO A POUCO CONDUZINDO AO FINAL.OMAIS INTERESSANTE PARAMIM É O QUANTO A VERDADE SOBRE ÉDIPO PODERIA SER ÓBVIA , E NO ENTANTO, A ELUCIDAÇÃO DE TUDO NÃO VEM TODA DE UMA VEZ, E GUARDA O MAIS CHOCANTE PARA O FINAL. HÁ UMA TORRENTE DE ACONTECIMENTOS, O CONHECIMENTO DA VERDADE, A MORTE DE JOCASTA, A AUTO-MUTILAÇÃO DE ÉDIPO QUE DILACERA OS PRÓPRIOS OLHOS, O LEITOR PODE IMAGINAR A DOR E SENTIR PESAR.Tal equalos espectadores damontagem deSófocles saí da leitura surpreendida.
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