Blog mantido pelo professor Fábio Andrade para a disciplina de Introdução aos Estudos Literários do curso de Letras da UFRPE

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Hamlet



"A Trágica História de Hamlet, Príncipe da Dinamarca, destaca-se entre as 38 peças de Shakespeare, ficando mesmo à margem da fama universal do texto. (...) Passado quatro séculos, Hamlet continua a ser o que há de mais avançado no mundo, em termos de teatro, a peça imitada, porém jamais superada por Ibsen, Tchekhóv, Pirandello e Beckett. É impossível ir além de Hamlet, que demarca os limites da teatralidade, assim como o próprio Hamlet é a fronteira da consciência, ainda a ser transposta".
(Harold Bloom, "Hamlet: poema ilimitado")

13 comentários:

  1. 20/05/2010

    Ato II

    Nesse ato Shakespeare começa a nos mostrar como Hamlet tentará desmascarar o assassino de se pai usando o teatro, refazendo a cena do assassinato como o fantasma de seu pai lhe disse, ficando claro que ele usará da metalinguagem. O interessante é que lendo este trecho é que comecei a lembrar a história do livro, pois só lembrava do começo, apesar de nunca tê-lo lido, acho que são lembranças do filme Hamlet com Mel Gibson que vi muitos anos atrás, ou como o professor mesmo falou, uma memória coletiva que todos temos das histórias clássicas.

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  2. trecho do meu diário 20/05/2010

    Acabei de ler a ultima parte da ultima cena de Hamlet e confesso estar um pouco decepcionado. Os conflitos da historia acabaram por não serem esclarecidos no final; ninguém sabe se foi realmente o Rei quem matou o pai de Hamlet, e ninguém sabe até que ponto a loucura de Hamlet era patológica ou apenas fingimento. Shakespeare nos deixa algumas pistas, como o fato de o Rei ficar inquieto após assistir à encenação; com base nesse fato, podemos concluir que ele realmente assassinou o irmão. Porém, o que me deixou com a pulga atrás da orelha foi o caso da loucura do príncipe Hamlet, pois não há nada que comprove que ele não era louco de fato. Para mim, ele era realmente louco, um louco consciente de seus atos que usava a desculpa de estar fingindo para justificá-los.

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  3. Declaro não ter lido qualquer obra do autor antes, e confesso estar surpreso com o andar da estoria. Claro que conheço, a partir de filmes, os dramas e tragedias shakespearianas mais populares, mas nunca as tinha lido. Gostei do que ví, a começar pela manifestação fantasmagórica. Ilusão, delirios de uma mente perturbada? Isso não vem ao caso. Vejo uma narrativa bem montada, com diálogos que prendem o leitor do inicio ao fim, pelo menos foi assim comigo, lí esta tragédia em uma tarde. Um texto que mostra a podridão de uma época, claro, vivida pelo autor, e que não está tão longe de nossa realidade, por isso é um texto que sobrevive até hoje. O uso da metalinguagem, o teatro dentro do teatro, com a finalidade de se comprovar uma dúvida: É ou não é? Quantos mistérios há em nossa vã perspectiva desse texto. Como dito,uma tragédia, mais helenico, clássico do que isso, impossivel, o homem melhor do que ele é? Bem não ví isto, e acredito não ser esse o objetivo do autor. Vejo a mimese, o homem sendo representado, monstrando uma realidade clara à época e vislumbrada de uma outra perspectiva, hoje.

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  4. Encontrei meu Hamlet na prateleira, comprado em 2006. O marcador da página ainda estava lá mostrando que eu não havia terminado a leitura. Não lembro exatamente o motivo, mas não cheguei sequer a concluir a cena V do ato I.

    Mas bom, talvez o maior enigma dessa tragédia seja o que envolve a mente de Hamlet: Loucura ou Razão?
    Não encontrei motivos concretos que faça o leitor acreditar piamente se Hamlet estava sendo guiado por sua ilusão ou se seria a única pessoa sã que conseguia enxergar a verdade.
    Os fatos descritos nos levam a crer que Hamlet estava certo. Ele não foi o único a ver o fantasma do rei Hamlet; o Rei (seu tio) teve uma reação muito suspeita com a exibição da peça, no qual no ato III cena III, estando sozinho, diz: “Oh, meu delito é fétido, fedor que chega ao céu; Pesa sobre ele a maldição mais velha, A maldição primeira – assassinar um irmão!”; o Rei passa a tramar contra Hamlet...

    Contudo, Hamlet é um rapaz frágil e instável que busca vingança baseado-se em acusações feitas por um espectro, que deixa claro seu transtorno e não consegue raciocinar seguindo uma linha de pensamento, agindo de maneira desordenada, mesmo que com um pouco de sentido. Quer dizer, quem não acharia loucura?

    Na verdade, vejo uma balança perfeita feita por Shakespeare.
    Penso que Hamlet estava certo nas suas acusações. Mas o fato é que a junção de delito tão vil com sua fragilidade o deixou desequilibrado. Um louco, é verdade, mas seguindo impulsos válidos e que tinha consciência do que fazia.

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  5. ..."Me mostra o homem que não é escravo da paixão e eu o conservarei no mais fundo do peito..."Hamlet coloca lado a lado tudo que é humano,de maior e mais desprezível.Dos arroubos infantis dos apaixonados à meticulosidade das artimanhas das mentes acostumadas ao jogo da política.Das grosseiras frases ao filosofar mais intricado.Fora o prazer que o autor nos trasnmite séculos após escrito o texto.O teatro consegui dar a magia as palavras,mesmo que cada época encontre o seu Shakespeare,seu príncipe dinamarquês.Ele consegue ser,colocar-se fora das medidas do tempo e do espaço.Mesmo que as vezes sintamos o texto falar de algo que nos escapa,estranho a nossa realidade,mesmo assim há um diálogo,pois encontra-se perguntas,anseios e angústias do homem.de qualquer parte,de qualquer lugar.Os papéis estão sendo representados, o palco,que é o mundo,está assim preenchido o seu vazio com frases decoradas,que hora mentem para salvar os atores de serem eles mesmos.Que hora revelam,no que não se diz,nas entrelinhas a dor, o duvidar humano e seus dilemas.

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  6. Bom, estou postando um trecho do meu diário. São algumas impressões que tive durante a leitura da obra. Então, segue abaixo algumas anotações de meu diário:
    Na cena II do primeiro ato, um dos conflitos essenciais dessa obra de Shakespeare parece ser prenunciado. A oposição entre o Rei e Hamlet é marcada. Este ainda lamentando a morte do seu pai, ouve daquele que é necessário largar as “galas da dor” e argumenta que alimentar o luto obstinadamente “é conduta de capricho ímpio”. Mais a frente, o rei enfatiza: “É um pecado contra o céu, uma ofensa aos mortos, um delito contra a natureza, o maior absurdo à razão ...” Observa-se que o Rei tem uma visão mais racional das coisas. Ao passo que Hamlet é pura emoção e sensibilidade. Isso é evidente quando Hamlet, ao ser perguntado por sua mãe pela razão do seu comportamento, ele responde que seus olhos abatidos, seus suspiros ofegantes, seus trajes de lutos são apenas aparências, pois “o que está dentro de mim (dele), supera todas as exterioridades que nada são mais do que os atavios e as galas da dor.” Hamlet também pensa em suicídio, mostrando que é um ser frágil diante das circunstâncias que o circundam.
    Me parece que Hamlet já nasce predestinado a algo. Ao aconselhar sua irmã Ofélia a ser cuidadosa com os galanteios de Hamlet, Laertes ressalta:
    “Mas deves temer, considerando sua grandeza, que não possa dispor da própria vontade, pois está sujeito ao próprio nascimento e não lhe é permitido, como às pessoas de humilde categoria, agir por si mesmo, pois de sua escolha dependem a segurança e a saúde de todo este reino e, portanto, a escolha que fizer deve ser circunscrita à voz e a vontade daquele corpo que é a cabeça.” (Ato I, Cena II)
    Fica claro, nessa fala de Laertes, que a personagem principal da obra de Shakespeare não possui vontade própria, pois sendo príncipe, está limitado a fazer aquilo que for melhor para seu reino, uma vez que, o mesmo será rei. Espera-se, portanto, sobriedade e não atos insanos de um futuro governante.

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  7. Muito bons os comentários! Concordo com Jucelino, quando ele diz que a obra realiza uma metalinguagem sobre o teatro. Isso fica evidente na cena que Hamlet adverte aos atores para evitar alguns excessos na representação.
    Outro ponto interessante é o que aponta Daniely sobre a loucura ou não de Hamlet. De fato, eu acredito também que este é um ponto crucial no texto de Shakespeare. Nesse sentido, eu sigo aqueles que veem a loucura de Hamlet como a loucura dos artistas. É uma loucura que pertuba o status quo. Não é à toa que o Rei busca acompanhar os passos de Hamlet e se preocupa em saber das causas do aparente desequilíbrio do mesmo. Em uma das cenas, ele chega a dizer que “A loucura dos grandes deve ser vigiada.” Mesmo assim, é muito difícil obter um posicionamento conclusivo sobre esse ponto, pois o ser ou não ser ainda continua sendo a grande questão...

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  8. É interessante como Hamlet revela as diversas índoles do ser humano, abordando, sobretudo temas bastantes polêmicos, principalmente para a época em que foi escrito. A loucura e a lealdade são dois pontos que são bem visíveis durante a maior parte da obra. A primeira aparece, no meu ponto de vista, de uma maneira singular, em que Hamlet, na verdade, não estava louco mas fingia estar desde que descobriu o que acontecera com seu pai, afim de que fosse ''compreendido'' pela corte. Tanto a lealdade quanto a sua falta estão presentes o tempo todo, com os guardas da corte que foram fiéis a Hamlet e também com seu tio, que o escondeu a verdade.
    Eu fico imaginando como era a reação das pessoas quando assistiam ou liam Hamlet, acho que muitos se identificavam e outros se pertubavam quando se viam nas atitudes e características dos personagens.

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  9. A leitura de Hamlet para mim foi uma surpresa. Uma boa surpresa. Já havia tentado ler esta peça antes, mas não consegui passar do primeiro ato. Desta vez, fui até o fim, impressionada com a atualidade dos temas tratados. Hamlet é a tragédia da dúvida, do fingimento. É ainda quase um metateatro. O Príncipe da Dinamarca é um apreciador do teatro e dá "aulas" de atuação e encenação. Ele mesmo atua, fingindo estar louco. Através do teatro e da representação de sua própria loucura, Hamlet tenta esclarecer suas dúvidas e cumprir a promessa feita ao fantasma de seu pai. Essa promessa de vingança o atormenta o tempo todo e o tempo todo ele busca o equlíbrio entre a razão e a emoção, o que só consegue após regressar do mar no final da peça. No entanto, essa tragédia não é só sobre o destino de Hamlet. Por meio de outros personagens, Shakespeare trata de hipocrisia, lealdade e, sobretudo, da morte.

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  10. Bom, tenho até medo de colocar meus comentários aqui depois de tantos elogios ao livro, mas vamos lá!
    Sinceramente, não foi uma das melhores leituras da minha vida, achei o texto realmente bem escrito, o uso da metalinguagem foi muito bem utilizado, e o autor tem frases brilhantes, porém, na minha opinião, a trama em si não é tão boa quanto eu esperava.
    O princípe Hamlet se mostra um tanto perturbado, não só pela morte de seu pai, mas também pelo instantâneo casamento de sua mãe com seu tio, irmão do rei, entretanto não se cosegue perceber claramente se essa perturbação é apenas por esses motivos ou se é algo de ordem patologica, já que seu comportamento agressivo vai além do relacinamento com sua mãe e "padrasto", e se mostra em momentos oportunos. Além disso o princípe mostra um sarcasmo de certa form desmedido e desnecessário.
    A rainha, mãe de Hamlet, é uma personagem que não se consegue identificar qual sua real intenção ou função na trama, já que ao mesmo tempo que protagonisa um casamento relampago após a morte do marido, se mostra submissa as vontades do filho, tornando em certos momentos a trajedia 'apelativa'.
    Basicamente é essa minha opinião.

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  11. Como Fernanda na minha primeira leitura de Hamlet não gostei do livro,apesar se muito bem escrito achei a estória complexa.
    Fiz uma nova leitura nesta consegui captar melhor a ideia que Shakespeare passa,mas falando sobre o livro em si a cena que mais me interessou foi a da encenação da peça com algumas alterações feitas a pedido de Hamlet.
    Acrescentando ao parecido com o suposto assassinato do Rei Hamlet pai do mesmo,tal qual lhe foi relatada por seu fantasma.Hamlet obteve a resposta que desejava a fúria e descontrole de seu Tio o atual Rei da Dinamarca,demonstrando que o mesmo ralmente tinha culpa neste fratícidio(Ato III,cena II)afirmando suas suspeitas.
    Andréia Fernandes

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  12. OBS: Este é o comentário de Júlio Vieira, e não o de Jucelino. Gostaria de me juntar os que não gostaram do livro. A estrutura não me agradou, o que não me impediu de gostar da história e, principalmente, do enredo. tive que realizar a releitura, após aprender as diferentes características da tragédia( catarse e conflito personagem-Ser superior") confesso que me pareceu dúbio quem seria este ser superior, se seria o espírito de Hamlet pai, se seriam os Deuses( na realidade o Deus bíblico) ou se seria a luta de de hamlet contra seu proprio destino de viver em uma família imersa na traição e morte. Gostaria de refutar qualquer idéia de que hamlet estivesse louco, pois não seria possível, um louco, arquitetar a encenação da morte de seu pai para observar a reação do público(especificamente dos seus suspeitos) e descobrir se o assassino do pai se desvendaria. Parece-me neste caso um exemplo de busca da catarse ou, na realidade que a falta dela desvendaria o assasino. As açoes e omissões de hamlet me parecem gerar em um mesmo nível de consequências(morte ou loucura).Com relação à loucura, a de ofélia me pareceu causada, na verdade pelo fato de hamlet tê-la mandado ia ao convento, rejeitando-a como esposa e não pela morte de seu pai. O final da tragédia me parece clássico, com uma "morte-geral" mas, além disso, me pareceu objetivo do autor também buscar a catarse atravéz da demonstração que o reino ficaria absolutamente destruído, pois toda a família real foi morta. TeNho dito!

    Julio.

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  13. Ao começar ler Hamlet, achei-o de imediato um pouco filosófico e reflexivo. Isso logo de pronto por causa dos diálogos entre Marcelo, Bernardo e Horácio. Já vislumbrei o que estava por vir. Prosseguindo, realmente achei justa a não aceitação dele ao casamento da mãe com o tio, e mais adiante o pedido de vingança do espectro do pai apenas dá razão as suas reservas. Porém quando segue-se os dilemas dele, as crises existenciais e dúvidas, considerei-o um indivíduo frágil que pensa fugir da realidade através do suicídio e incapaz de tomar decisões drásticas, como no caso vingar seu pai tão amado. Mas no desenrolar da trama, nota-se que o ponto é que simplesmente ele não era talhado para o que lhe fora pedido. O Hamlet pai fora um homem valente, temido, líder em tempos de guerra, ou seja, um típico homem medieval. Enquanto que o Hamlet filho era um universitário, um intelectual, um homem da renascença e por conta disso estranho a violência. Eis o porquê de seus conflitos tão intensos. Isso ainda associado a questão da dúvida: Quem garantia que o tal espectro não seria um demônio que usara seu momento de fragilidade para induzi-lo a um ato que lançaria sua alma no inferno? Está em Hamlet questionar, ele era um reflexo de seu mundo. Logo, para mim, dissolve-se por completo a idéia de fragilidade ao ver que ele abdica de sua vida pessoal e de sua reputação para cumprir esse mandato abstrato. Finge-se de louco, recusa e abandona a mulher amada, mata pai e filho (Polônio e Laertes), perde amigos e vê no percurso de sua vingança sua mãe morrer com o veneno que era pra ele. Usa sua astúcia e intelectualidade para driblar os planos de morte do tio, mas recebe e vê todas as consequências decorrentes disso. Ao fim a justiça é feita, mas não existem ganhadores nem perdedores, apenas vítimas de desejos. Seja justiça, amor, ambição ou vingança.

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