Blog mantido pelo professor Fábio Andrade para a disciplina de Introdução aos Estudos Literários do curso de Letras da UFRPE

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Medéia


O Pathos como amor terrível, que torna cego aquele que é tomado por ele, encarna-se na figura de Medéia. Abandonada por Jasão, que resolve então casar-se com a filha do rei Creonte, Medéia será tomada por uma espiral de loucura e desespero que a leva diretamente para sua moira (destino), fruto também de uma hybris (transgressão). O mito de Medéia, a quem Eurípedes deu a mais acabada e perfeita feição, remete-nos ao caráter incontornável da noção de destino que rege o universo trágico: há uma morte terrível no passado de Medéia. E, como todo herói trágico, ela sofrerá sob a mão dos deuses.

Édipo Rei


Édipo Rei é a mais clássica de todas as tragédias. Além de ser apontado como o mais bem realizado poema trágico da antiguidade clássica por Aristóteles, atravessou os séculos como uma narrativa destinada a se converter num imenso veio de textos que dele partem, ou nele desembocam. Grande leitor que era, o psicanalista Sigmund Freud não hesitou em reconhecer no drama de Édipo, através do qual ele formulou o seu complexo de édipo, fase da maturação psíquica que seria comum a todos os homens.

Hamlet



"A Trágica História de Hamlet, Príncipe da Dinamarca, destaca-se entre as 38 peças de Shakespeare, ficando mesmo à margem da fama universal do texto. (...) Passado quatro séculos, Hamlet continua a ser o que há de mais avançado no mundo, em termos de teatro, a peça imitada, porém jamais superada por Ibsen, Tchekhóv, Pirandello e Beckett. É impossível ir além de Hamlet, que demarca os limites da teatralidade, assim como o próprio Hamlet é a fronteira da consciência, ainda a ser transposta".
(Harold Bloom, "Hamlet: poema ilimitado")

terça-feira, 18 de maio de 2010

Alteração nos planos

Caros alunos,

mudaremos o sistema de nosso trabalho com as obras literárias. Explico quais os motivos:

1. Estamos atrasados com nosso conteúdo programático, ou seja, temos muito assunto para ver ainda. Em decorrência disso, preferi restringir ao nosso blog, por enquanto, o debate sobre os livros. Desta forma, adiantaremos os conteúdos. Vocês sabem que podemos gastar muito tempo (pelo menos duas aulas) para os debates, isso caso eu não apresente nada extra sobre os livros. Temos ainda seminários pela frente!

2. O pensado inicialmente era abordar os livros após ter concluído o estudo da poética de Aristóteles, pois, como você poderão perceber, ela lançará uma luz interessante sobre as peças.
Agora procederemos da seguinte forma :

a) Após minha postagem, cada um de vocês postará algo do diário de leitura sobre o livro. A ausência de comentário implica em ausência nos debates.

b) Postarei mais dois comentários sobre determinados aspectos do texto, indicando, inclusive, links com vídeos, artigos etc. A esses dois comentários, vocês deverão também responder com os seus. Só então faremos o debate em sala (em uma aula só!), quando levarei os comentários e colocarei questões para cada grupo sobre os comentários que acharmos interessante discutir.
Sei que a rede pode dar a impressão de que estamos trabalhando menos. Mas vamos utilizá-la como um recurso que auxilie, agora, a lidarmos com o escasso do tempo diante de tanto ainda por ler e discutir.

Segue logo mais minha primeira postagem.
Prof. Fábio Andrade

terça-feira, 13 de abril de 2010

Debate sobre o papel da crítica literária

Caros alunos,
começou hoje o projeto laboratório, organizado por jovens críticos e poetas da atual cena literária de Pernambuco. Dêem uma olhada, vale a pena.

outra dica: já está no ar o site da Revista Crispim de Crítica e Criação Literária
www.revistacrispim.com.br

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Poema de Fernando Pessoa

Eis o poema Autopsicografia do Pessoa abaixo, para nos ajudar a pensar a noção da "ficcionalidade" própria do discurso literário, seja ele em verso ou em prosa. Comentem.

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

27/11/1930

terça-feira, 30 de março de 2010

Pequenos Poemas em Prosa (Charles Baudelaire)


Charles Baudelaire é considerado o pai da noção de modernidade em Literatura. Foi um dos maiores poetas da literatura francesa, tendo sido grande influência, na segunda metade do século XIX, para poetas ocidentais e presença marcante na poesia brasileira de então. Seu livro "As Flores do Mal" (publicado em 1857), apresenta os traços característicos e revolucionários de sua poética subversiva, questionadora e iluminada. Pequenos Poemas em Prosa, na verdade obra inconclusa, tendo recebido esse título de seus editores, cobrem os últimos dez anos de vida do poeta e foram publicados em revistas literárias e periódicos da época, justamente a partir de 1857. Os Pequenos Poemas... representam uma abolição das fronteiras que dividem a poesia da prosa, anunciando uma sensibilidade literária que estava muito além da época em que viveu o próprio Baudelaire.