Fernando Pessoa foi o maior poeta português do séc. XX. Sua rica obra e singular voz poética materializaram muito da sensibilidade moderna através de seus heterônimos. O próprio Fernando Pessoa, que assina inclusive o texto "Mensagem", é apenas mais uma das personasque compõem esse intrigante perfil poético. Mensagem foi escrito entre os anos 20 e 30 do século XX, e uma das poucas coisas de Pessoa publicada enquanto ele ainda era vivo. Mais do que uma obra nacionalista (sem dúvida, esse nacionalismo é um dos traços de sua obra, embora longe de ser o tom dominante), Mensagem estabelece uma conexão entre passado, presente e futuro, expressando também a idéia de que não há renovação, mesmo na arte, sem tradição, sem passado.
terça-feira, 30 de março de 2010
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Não tinha muita noção de como seria ler este livro e achava que não iria apreciar muito pelo tema dos poemas...Fiquei bastante surpresa(pois,agora gosto muito),observei uma genialidade impressionante por parte de Pessoa ao descrever um momento histórico tão importante para Portugal.
ResponderExcluirO que chamou muito minha atenção foi o fato de ter O navegador como um herói ,pois é por meio dele qe se poderá alcançar o sonho do Quinto Império.Pude notar que os reis são tratados como mártir e os homnens encarados simplesmente como cumpridores das vontades divinas,passando por todos os sacrificios a procura de um Portugal de vitórias...
Mensagem,de Fernando Pessoa é mais do que poetisar a História portuguesa,de suas empreitadas náuticas que revelaram ao homem europeu a magnitude do mudo em que habitavam e a grandeza do povo lusitano.É isso e a revelação ou a comunicação do misticismo pessoano. Vemos um Portugal como que encarnando uma missão divina,como um herói mítico do mundo greco-romano,só que de uma proporção que salta ao infinito.Dos mares fechados,da bacia mediterrânea das antigas civilizações para o Mar Oceano, a infinitude das novos mares,terras e céus novos. Como um cumprimento de uma mandato da Divindade,das Escrituras e velhas profecias. Um povo,uma nação lança-se a uma inevitável tarefa de alargar a fé e o reino,glórias mundanas e celestiais. Como padre Antônio Vieira,o poeta em verso e em arte,menos crédulo talvez doque o religioso,vê cumprir-se o Quinto Império na susseção profética de Daniel dos grandes poderios da Terra.Portugal será o maior deles pois carrega as chagas do Cristo como símbolo maior.Maiores glórias do que a Babilônia,Pérsia,do que as de Alexandre e Roma juntos. O Quinto Império leva a mensagem divina ao mundo alargado pelo esforço heróico de homens dsconhecidos que carregaram o leme temendo aos "monstrengos do fim do mundo" mas levando até ao cabo a terefa de uma nação que manda a vontade não só de El-rei D.João II e dos deuses todos mas do próprio povo protuguês.
ResponderExcluirCASTELOS E QUINAS
ResponderExcluirNão, não citarei meu desconforto em ver tão claramente a aliança entre as ideias de Pessoa e o Estado Novo de Salazar que puniu com punhos de aço minha família em terras goesas. Fingirei não reconhecer naquelas linhas o sofrimento imposto a todas as colônias e a Goa, em particular, pelo "rosto que é Portugal". Certamente o preço pago pela "glória" lusa foi a "desgraça" d'ultramar. E mais certo ainda é essa glória ser "só o que passa", já que a glória de homens, deuses e nações é passageira, não sobrevivendo nem mesmo ao que deles se canta na voz do poeta.
Gibson P. T. da Costa
ICARO CARVALHO
ResponderExcluirLer "Mensagens" foi algo muito estranho,escolhi o livro pela influência de Pessoa,mas quando comecei a ler não gostei de quase nada,um livro de poemas épicos que retratam as aventuras dos portugueses( poderia ser a definição para a obra. Mas "tudo vale a pena quando a alma não é pequena
" rsrsrsrs.
O que me ajudou muito a entender os poemas foram os rodapés...Eles são bem explicativos.....E com relação a Tirania Marítima Portuguesa,realmente é lamentavel....Como tantas outras...
ResponderExcluirNa minha preparação para leitura prefiro observar o contexto que cercava o autor à época...
ResponderExcluirPessoa passa por dificuldades na infância, logo cedo perde o pai e, após sua mãe casar-se novamente, muda-se para a África, onde recebe educação inglesa (inclusive é alfabetizado em inglês, língua na qual publica a maior parte de suas obras em vida (a única exceção é mensagem)).
Mensagem surge no período entre – guerras, numa Europa ainda sofrida depois da 1ª guerra e recém atingida pelo crash da bolsa de 29. A falta de crédito americano impõe diversas dificuldades aos países europeus, principalmente a queda de suas exportações (de onde Portugal originava a maior parte de seu PIB).
Com este pano de fundo surge MENSAGEM, uma obra que relembra os grandes feitos de Portugal (que passara de grande colonizador a um país em crise e sob o governo totalitário de Salazar). Mensagem relembra as “epopéias” portuguesas, ressaltando as obras de CAMÕES e os GRANDES DESCOBRIMENTOS. Pessoa acredita que, valorizando-se estes grandes feitos, Portugal vá se reerguer, voltando a ser uma grande potência (quem sabe até) colonizadora.
Julio Carneiro Vieira Neto
"Baste a quem baste o que lhe basta
ResponderExcluirO bastante de lhe bastar!
A vida é breve, a alma é vasta;
Ter é tardar."
Essa estrofe do livro Mensagem
me fez refletir sobre o Capitalismo,cujo sistema faz com que muitas pessoas não se sintam mais satifeitas com o que é ,realmente, necessário para viver e, por isso, perdem muito tempo de sua vida buscando possuir ,cada vez mais, riqueza material.O que me fez lembrar também de um ditado brasileiro "Para algumas pessoas, a medida do TER nunca enche."
A partir disso, não aproveitam a vida mesmo sabendo que ela é efêmera,como diz a estrofe.
Myllena Miranda
Pessoa no primeiro poema do livro mensagem descreve o cenário europeu do século XX e coloca Portugal como "o rosto que fita o Ocidente".
ResponderExcluirQuando Pessoa nos fala que "o mito é o nada que é tudo" me faz pensar que uma criação humana possa explicar tão bem os acontecimentos da natureza como é o caso dos mitos e lendas. Em sua astúcia Pessoa compara o mito ao corpo morto de Deus colocando ao meu ver ambos como algo não comprovado.
Em seus poemas Pessoa exalta os fundadores de Portugal pedindo a ajuda deles, para que eles rogassem pela nação como fizeram em vida.
Clarissa Viana
Primeiro queria me desculpar por não ter postado algo até ontem. Não foi possível, e por isso estou vindo aqui hoje postar um trecho do meu "Diário de Leitura":
ResponderExcluirNa primeira parte, Brasão, há uma descrição épica do continente europeu, da sua grandeza territorial, histórica e dos principais personagens portugueses. Portugal se mostra como uma potência européia, que colhe no presente as glórias do passado. Mesmo que essa glória não tenha tido o resultado esperado pelo povo português. Culpa dos Deuses, que cobram caro pelos bons momentos vividos aqui na Terra. “Compra-se a glória com desgraça”.
Posso ainda destacar a criação mítica e mística de Portugal, onde heróis lusos são comparados e invocados como deuses. Vemos também versos de cunho filosófico, onde o autor se dedica a refletir sobre a alma e natureza humanas.
“Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?”
Bom, também quero me desculpar por não ter postado nada até agora, não foi possível pra mim também.
ResponderExcluirVou fazer aqui um comentário sobre o poema "O das quinas". Na primeira estrofe, chama a atenção a necessidade do homem não se contentar com simples vida, mas buscar a "glória com desgraça". Isso revivifica o espírito dos homens que constituíram a nação portuguesa. Isto é, o ideal dos cruzados da Idade Média, que é representada pela conquista de territórios, riquezas e o reconhecimento, mesmo que custe altos preços, como perdas de vidas. Isto porque o próprio Deus entregou seu "Filho" a morte.
O 3º e o 4º versos da segunda estrofe reforça esse pensamento, esse espírito das cruzadas, fomentado pela própria Igreja Católica:
"A vida é breve, a alma é vasta
Ter é tardar"
A efemeridade da vida e o desejo do homem gozar dela levam a uma insatisfação porque tudo o que se tem significa ter pouco. E, não se pode esperar em ter para alcançar as glórias, mas sim ir em busca delas.
Dessa forma, o poema retoma o espírito dos grandes personagens da história da formação portuguesa. Entretanto, Pessoa traduz isso em sentido universal e atemporal, uma vez que o homem ainda vive sob essas condições: brevidade da vida e busca de conquistas.
Enfim, essa é uma reflexão que fiz diante da grandeza desse poema de Pessoa.
Gostaria de fazer mais um comentário, desta vez sobre o poema "Ulisses". Para mim, é perfeita a definição de Pessoa, quando afirma:
ResponderExcluir"O mito é o nada que é tudo"
Através desse paradoxo "nada" e "tudo", ele expressa de forma única e original a concepção de mito. Como narrativa da origem do universo ou das coisas e seres existentes nesse universo, o mito é nada se considerarmos a sua imaterialidade, intagibilidade. Ao mesmo tempo, ele se torna "tudo", pois rege, muitas vezes, as vidas das pessoas. E mais que isto, fecunda a realidade, já que:
"Em baixo, a vida, metade
De nada, morre."
Bueno, realmente, um texto que mostra o patriotismo de Pessoa, apesar de todo tom poético, é uma obra de caráter, ao meu ver, politico, exalta Portugal levando-nos a fatos idos, presentes, e que nos força a imaginar um futuro pra esse Portugal. Mesmo assim, do ponto de vista literário, é uma obra prima, bem construída, boas rimas... Alegoricamente rica, coisas que só um artista de "enes" faces poderia conceber.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDe um certo ponto de vista, "Mensagem" pode ser encarada como uma transcrição poética da formação histórica portugueza, mas há que se ter cuidado com uma analise puramente historicista da obra, afinal de contas, uma grande obra tem de ser apreciada por prismas diferentes.
ResponderExcluirOra, não se pode negar que tal obra de Pesssa
também é uma representação plástica da ânsia do ser humana em criar alma maior que ele mesmo, transpassar os limites do visivel, alargar os horizontes, ou melhor, multiplica-los.
O texto que aí segue, foi postada a 1.03.10, mas em local indevido (na primeira página do blog)e portanto é cronologicamente anterior ao do dia 10 de abril de 2010 07:07, que lhe é comlementar.
ResponderExcluirFernando Pessoa e sua mensagem portuguesa
"Mensagem" pode ser entendido como uma abordagem poética - e em rígida forma - sobre a história do povo portuguez, as peripécias desse povo que um dia fitou um além-horizonte e transpassou os limites do atlântico, mas o livro acaba com um certo ar sombrio onde se encerra a incertaza acerca do futuro de um Portugal na primeira metade do século 20.
Pessoa parece se perguntar o que Portugal pode fazer com seu tão auréo passado, assim como o Camões de José Saramago pergunta-se o que fará com os "Lusíadas" na peça "O que farei com este livro?'. "Portugal, o que farás com o teu passado, agora sufocado entre o Atlântico e as potências européias imperialistas?" deve ter se perguntado o autor de "Mensagem"
Mensagem é o tipo do livro que se renova para nós a cada leitura. Em toda nova leitura é descoberto um ponto novo, alguma coisa que antes não tínhamos observado, fopi o que aconteceu comigo: as novas leituras e o debate na sala abriram meus olhos para uma percepção da obra e, pela primeira vez, eu consegui notar a presença do místico, tão teoricamente falado, mas que eu nunca havia sentido de fato sua presença no livro.
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